Após definir o território, identificar a comunidade que será beneficiada, mapeá-la, é importante conhece-la, escuta-la para identificar como poderá auxilia-los da melhor maneira! 

Agora, convidamos você para ler e ouvir o texto “Escutatória”, de Rubem Alves.

Para isso tente estar em um lugar calmo e silencioso.

Legal, né?

Esse texto do Rubem Alves faz parte do livro de crônicas “O amor que acende a lua”. 

Para realizarmos uma ação voluntária sugerimos que seja feita uma escuta no território que pretendemos atuar. Uma escuta atenta e ativa.

Mas o que é uma escuta ativa?

A escuta ativa é um dos pilares da comunicação generosa. A partir do momento em que uma pessoa se dispõe a conversar com a outra, ela deve prestar atenção ao que está sendo dito e se interessa genuinamente pelo assunto. Na escuta ativa é importante ouvir sem julgar os outros, afinal cada um de nós tem sua cultura, e vive em uma realidade diferente, o que resulta em pensamentos e comportamentos diferentes. Por isso, dizemos que a escuta ativa também é compassiva, é ter compaixão e entender que ali, na sua frente, há um ser humano que pode pensar diferente de você, mas que quer compartilhar uma mensagem. De alguma forma, ele pensa que você pode ajudá-lo. Por isso, o escolheu para ouvir uma história.

Atividade:

Para começar, escolhemos uma ilustração abaixo como referência para o nosso exercício. Olhe para ela detalhadamente e observe as diversas interpretações de um problema e soluções apontadas. Olhe para cada proposta isoladamente e reflita o que o desenho quer demonstrar e que reflexão te traz.

A diferença entre o que o financiador, o coordenador de análise, o relatórios, urbanistas e o técnico apontam como solução e o que a comunidade queria. Agora, veja abaixo, detalhadamente e com atenção, o que a comunidade havia recomendado como ideia para ser concretizado como projeto. Compare as diferenças e a distância entre o desejo e a recomendação entre eles,  e os olhares e a entrega no foco de cada ator envolvido. Esta é a importância de escutar o território onde vamos atuar! :)

Muitas vezes a comunidade quer um simples balanço de pneu na árvore e pela falta de escuta, se constrói ou realiza ações mirabolantes que muitas vezes não são funcionais, encarecem o projeto e a comunidade nem precisa. Nosso olhar de fora observou e encontrou o que era importante, só não ouviu a demanda local.

VISITA NO TERRITÓRIO

A visita no território tem algumas etapas, conforme apresentaremos sucintamente a seguir:

1. Pesquise sobre o território com as dicas que demos na aula anterior, antes de realizar a escuta, levante as informações sobre o local a ser visitado.
2. Observe e esteja com a escuta ativa;
3. Defina o objetivo da visita, o para que está indo lá;
4. Crie “estratégias” de aproximação;
5. Planeje a visita;
6. Vá a campo;
7. Registre sua visita.

É muito importante para realizar uma ação voluntária que esta visita seja feita para que a ação seja conforme a demanda local! A seguir iremos aprofundar estas etapas, em um passo-a-passo, dando algumas dicas e orientações:

Passo 1: Pré visita:

Após definir a área que será mapeada e identificar o local ou os locais a serem visitados,  é necessário elaborar um roteiro de visita, uma agenda com este(s) lugar(es) que  escolheu  e que considere interessante conhecer para pensar em parcerias! E para isto seguem algumas dicas:

• Estabeleça um roteiro de visita, um roteiro de como será está visita, onde irão passar, o que pretendem observar e o que pretendem escutar;
• Após a elaboração deste roteiro, é importante em alguns casos entrar em contato com o local antes, principalmente se forem instituições, para agendar a visita;
• Leve o mapa georreferenciado impresso do local (pode-se usar Google Maps);
• Esteja com os ouvidos e olhares atentos para a escutar e observar tudo!
• Tenha em mente que cada rua, cada instituição tem detalhes, pessoas e lugares diversos. Cada rua ganhará novo contorno, ao invés de ser Rua José Bonifácio, será a rua do lado da biblioteca, a rua do mercado do José, onde tem uma praça que a Dona Ana mantém uma horta comunitária, e tem um terreno abandonado onde as crianças empinam pipas….
• Além da identificação geográfica, tente entender na visita como os espaços funcionam, quem frequenta, horários de abertura, contato dos responsáveis (quando houver esta possibilidade).

Passo 2: Durante a Visita

Durante a visita é importante estar com os olhos, ouvidos, pensamento e coração abertos e aguçados. É chegada a hora de auscultar, de ouvir para compreender.

A primeira dica é a observação:

• Observe as pessoas e a Organização, como elas são?
• Ao ver o espaço o que te motiva ou te sensibiliza?
• Identifica alguma potência e carência no local?

Importante: Lembre que observação é diferente e julgamento! Não julgue neste momento (que sujeira neste lugar, que pequeno este espaço e etc…), lembre que temos olhares e narrativas diversas.

Segunda dica: escuta

• Escute que está falando, e lembre que escuta é diferente de ouvir, uma escutatória a gente aprende a ouvir os outros! Escute ativamente quem esta falando!
• Tente escutar e identificar nas falas, quais são as demandas locais, da comunidade e da organização, isso poderá contribuir para uma possível parceria para uma ação voluntária futura;

Dica: Na conversa inicial lembre de explicar quem são, o que é o trabalho voluntário, e o que pretendem com esta visita, para que estão lá conhecendo aquele espaço.

É muito importante também além de escutar a demanda, as necessidades, identificar quais são os saberes deles, quais são as possíveis potencias de parceria, o que eles podem oferecer de parceria. Para isto, lembrem de elaborar e seguir o roteiro de visita que elaborar! Lá deverá ter todas as perguntas que pretendem fazer no decorrer da conversa.

Lembre também de colher todos os contatos, telefones e endereços, para um futuro retorno.

Terceira dica: organize-se!

• Organize e planeje sua visita, caso vá com outra pessoa organize quem vai fazer o quê.

Passo3: Pós- Visita

Após a visita no território, vamos organizar todas as informações levantadas! É hora de organizar a informação coletada:

• Caso queira, poderá identificar em um mapa os locais visitados, e marcar de forma visual os sujeitos e locais, e as demandas e potencias encontradas;
• Após a visita é necessário organizar todo material recolhido, montando por exemplo um banco de dados com as informações encontradas. Segue um exemplo:

Estes dados organizados você usará para elaborar a ação voluntária! :)

Para  finalizar, escolhemos um booktrailer  “Se você quer ver uma baleia” de Julie Fogliano para sua inspiração! :)

“Se você quiser ver uma baleia vai precisar de uma poltrona não muito gostosa e de uma coberta não muito quentinha porque olhos com sono não enxergam baleias e baleias não esperam para serem encontradas”

Material de Apoio:

• Texto Escutatória de Rubem Alves
• Mapeamento Sociocultural de Santo Amaro em Rede – SESC Santo Amaro