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Como Mapear 3
Orientações gerais para mapeamento
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Leitura1.1
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Leitura1.2
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Leitura1.3
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Conhecer para transformar
Mas, então, o que são os mapeamentos locais, se os pensarmos no contexto das bibliotecas?
Este curso Conhecer para transformar: mapeamentos locais tem como objetivo colocar os participantes em contato com dois campos distintos e complementares: o primeiro, de cunho teórico, foram as atividades expositivas em salas de aula, que também envolvem dinâmicas de grupo e rodas de discussão sobre assuntos relacionados às cidades onde os funcionários moram e trabalham. São abordados, sob diferentes pontos de vista, temas como a dinâmica do crescimento urbano, a rede de equipamentos culturais, o direito à cidade, os direitos e as responsabilidades sociais, entre outros, com a intenção de construir um panorama sociocultural sobre as cidades, a partir das comparações e reflexões realizadas pelos participantes. E ainda, como preparação para o posterior trabalho de campo, os alunos tem orientações e treinamento sobre técnicas de entrevista. Para facilitar a abordagem dos entrevistados, foi compilado um guia com os “dez mandamentos do entrevistador”, tendo como referência a metodologia de história oral do Museu da Pessoa. O segundo campo explorado são as experiências de mapeamentos socioculturais, ressaltando a importância deste tema para estruturar a formação de público e as ações de aproximação e de colaboração com a comunidade de entorno.
Para tanto, os conteúdos ministrados buscam compor um contexto de reflexão sobre as práticas cotidianas no ambiente de trabalho das bibliotecas públicas. Podemos constatar o nível de conhecimento dos funcionários sobre a cidade, particularmente sobre seus bairros de moradia e de trabalho, a partir de temas presentes em seu cotidiano, tais como: violência, educação, direito à cidade, direitos sociais, expressões artísticas e culturais, preconceito, discriminação, desenvolvimento urbano e movimentos sociais, entre outros.
Depois do processo de formação teórica, a oficina propõe exercícios práticos, num trabalho de campo em que foram aplicados e vivenciados os conceitos abordados até então. Os participantes tem a oportunidade de conhecer contextos e práticas socioculturais presentes em suas comunidades, mas nem sempre percebidos por eles. Segundo seus próprios relatos dos funcionários, este contato lhes permitiu ampliar sua percepção sobre o importante papel das bibliotecas – e, portanto, deles mesmos – nas relações com a comunidade de entorno, que abrem múltiplas possibilidades de ação e de parcerias no território, e de benefícios para todos.
“…Os mapeamentos denotam sua potência transformadora, enquanto instrumentos de diagnóstico e de ações propositivas para a melhoria da qualidade de vida nas cidades, e, neste sentido, os mapeamentos locais têm relação direta com o desenvolvimento sociocultural, pois imprimem uma vitalidade ainda maior como propulsores do desenvolvimento local, capazes de detectar as potências criativas de diversos fazeres culturais e agenciamentos nos territórios, tendo papel importante como instrumento de gestão, planejamento… [inventariação, memória, organização das informações locais de utilidade da população e públicos, entre outras possíveis utilidades de um mapeamento como informação]” (DO VAL; BARBOSA, 2011).
A metodologia adotada para a realizar o mapeamento parte de uma proposta de construção coletiva. Desta forma, definições sobre o que, para que e como mapear são os fios condutores para construirmos o recorte do mapeamento local do Tô na Rede em cada cidade. A proposta que realizamos no projeto-piloto pautou-se em uma técnica conhecida como “bola de neve”: ao final de cada entrevista, o entrevistado indica outras pessoas ou grupos que tenham atuação semelhante à sua, ou outros atores sociais, que considere importante incluir no mapeamento, por seu potencial de beneficiar o desenvolvimento local ou práticas socioculturais. As discussões demonstraram, no decorrer do processo de formação, que era de grande urgência colocar os gestores em contato com a realidade dos territórios vizinhos às bibliotecas. Desta forma, o mapeamento local poderia ser esta primeira ponte entre os gestores e os contextos locais.
Para tanto, discutimos critérios para o mapeamento, que teve como resultado um breve questionário sobre práticas socioculturais e parcerias no entorno das bibliotecas, um instrumental desenvolvido para facilitar a organização das informações sobre grupos, entidades, lideranças e outros atores sociais que tenham uma relação com os contextos de inserção dos equipamentos de cultura. Foi organizado um roteiro de visitas para o mapeamento local de cada biblioteca, atividade que teve ampla colaboração dos participantes , muitos deles com conhecimentos profundos sobre seus artistas locais.